Diz a lenda que quando um jogador tem em mãos um par de ás e outro 8, todos pretos, a chance é que algo de muito ruim vá lhe acontecer. Algo entre seu time ser rebaixado e ter o estádio destruído pelos próprios torcedores ou você levar um tiro na nunca.
Entre uma das várias crônicas interessantes de Luis Fernando Veríssimo, uma das mais histéricas conta do “pôquer interminável”, no qual os jogadores se esqueceram de definir como o jogo deve acabar e são condenados a passar meses nas páginas do escritor.
Este post é sobre histórias deste jogo de cartas em que o talento conta muito mais do que a sorte.
Outro filho da terra do blues…
Homens de índole duvidosa criaram o pôquer na região do Mississipi (Estados Unidos), terra do blues, entre os séculos 18 e 19, usando como referência jogos europeus e asiáticos. A ideia era amplificar o impacto do talento e da pilantragem, além de ao mesmo tempo manter a impressão de ser imprevisível, como o jogo de dados.
Nossos antepassados em uma clássica poker night.
A primeira vez que o nome poker foi mencionado em escrita foi em 1834, lá pelas bandas do Velho Oeste, conforme conta o HowStuffWorks. Mas foi apenas 40 anos depois que surgiu a primeira grande lenda urbana do jogo: a mão do homem morto.
Dead man hand
Em 2 de agosto de 1876, o jogador de pôquer profissional, pistoleiro, advogado e trambiqueiro Wild Bill Hickok foi até um saloon na cidade de Deadwood, Dakota, para faturar uns dólares em cima dos locais. Infelizmente, para ele, não achou uma cadeira vaga de costas para a parede e de frente para a porta, onde costumava sentar-se por precaução.
Interessado no jogo, ele se contentou com uma cadeira de costas para a porta. Má ideia.
Logo após receber um par de ás e um par de oito, todos pretos, um colega de profissão seu se aproximou por trás e o fuzilou na nuca. Como ele era uma espécie de celebridade no Velho Oeste, jornais publicaram várias matérias falando do sujeito e do jogo, com ênfase nas cartas na mão dele, que se tornariam sinal de mau presságio.
Wild Bill Hickok: ele tem cara de quem fez alguma merda digna de fuzilamento
Boas histórias, probabilidades absurdas
Apesar de a ênfase do jogo ser o talento (por isso é possível ser um jogador profissional), na maior parte das vezes, roteiristas de filmes tem usado cartas de probabilidades absurdas para rechear suas tramas. Ao contrário da vida real, em que uma trinca ou um bom blefe vencem praticamente qualquer mesa, em A Mesa do Diabo (Cincinnati Kid) Steve McQueen conjura um Straight Flush (cinco cartas do mesmo naipe em sequência) para vencer um Full House (uma trinca e um par).
As chances disso acontecer são de 32,220,508,619 para 1. Ou seja, mais difícil do que você ser beijado no meio da rua, do nada, por uma desconhecida gostosa.